Os benefícios da atividade física vão muito além do fortalecimento muscular e do controle do peso. Para crianças e adolescentes, manter uma rotina de exercícios regulares pode ser decisivo para a saúde emocional, o rendimento escolar e a construção da autoestima.
Um estudo realizado na Suécia, com mais de 17 mil participantes entre 5 e 18 anos, revelou que aqueles que praticam esportes com frequência apresentaram índices significativamente menores de depressão, ansiedade e até mesmo menor propensão ao uso de substâncias ilícitas na adolescência.
Segundo especialistas, os exercícios físicos ajudam a regular neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar. Além disso, a prática esportiva estimula o convívio social, favorece a disciplina e fortalece a capacidade de lidar com frustrações — habilidades essenciais no processo de desenvolvimento humano.
“O movimento é uma forma de expressão na infância. Atividades físicas regulares não só melhoram a saúde do corpo, mas também ajudam na organização das emoções e no autocontrole”, explica a psicóloga infantil Ana Beatriz Lemos.
No ambiente escolar, crianças fisicamente ativas tendem a ter melhor concentração, mais energia e maior engajamento nas tarefas. Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que alunos que praticam esportes regularmente também apresentam menos faltas e maior rendimento em disciplinas como matemática e ciências.
Além disso, a atividade física desenvolve aspectos cognitivos importantes. Esportes como natação, judô, futebol ou dança exigem coordenação motora, raciocínio rápido, cooperação e estratégias — competências que repercutem positivamente no aprendizado.
Apesar das evidências, o sedentarismo infantil tem crescido. O tempo excessivo diante de telas e a falta de espaços adequados para brincar ao ar livre são apontados como fatores preocupantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que crianças e adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a intensa por dia. No entanto, dados do Estudo Nacional de Alimentação e Atividade Física Infantil (Enani) indicam que mais da metade das crianças brasileiras não atinge esse mínimo diário.
A educadora física Carla Mendes defende a integração entre família, escola e políticas públicas para mudar essa realidade. “Criar ambientes que estimulem o movimento e respeitem as fases do desenvolvimento infantil é essencial para garantir uma geração mais saudável, equilibrada e resiliente”, afirma.
Como incentivar a prática desde cedo?
Especialistas sugerem que o incentivo à atividade física deve começar ainda na primeira infância. Confira algumas recomendações:
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Para os menores de 5 anos: estimular brincadeiras que envolvam correr, pular, subir e explorar diferentes espaços com segurança.
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Na idade escolar: oferecer acesso a esportes variados e permitir que a criança escolha o que mais gosta.
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Em casa: reduzir o tempo de tela e envolver toda a família em caminhadas, passeios de bicicleta ou jogos ao ar livre.
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Na escola: valorizar as aulas de educação física e promover torneios ou atividades extracurriculares esportivas.
O exercício físico, quando incentivado com respeito ao ritmo e às preferências da criança, torna-se um aliado poderoso na formação de indivíduos mais saudáveis — física e emocionalmente.