O presidente da Argentina, Javier Milei, que enfrenta uma série de denúncias relacionadas ao lançamento da criptomoeda $Libra, que seria promovida por uma empresa privada, quebrou o silêncio nesta segunda-feira, 17 de fevereiro. Em uma entrevista concedida ao canal TN (Todo Notícias), Milei abordou as acusações que parte da imprensa local chamou de “criptogate”.
Durante a sabatina com o jornalista Jonatan Viale, o mandatário argentino tentou minimizar o impacto do episódio, afirmando que não tinha nada a ocultar. “Eu não a promovi. Eu a difundi”, esclareceu Milei, referindo-se ao projeto Viva La Libertad, do qual o lançamento da criptomoeda faz parte. Ele explicou que sua intenção era divulgar a criptomoeda como uma possível ferramenta para financiar pequenas empresas e empreendimentos argentinos.
Milei também reconheceu que a repercussão gerada por seu perfil no X, que anunciou a $Libra, o levou a apagar a postagem. O valor do ativo digital disparou após seu apoio à iniciativa, resultando em lucros altíssimos para os primeiros investidores, que começaram a vender a criptomoeda. Contudo, especialistas e opositores alertaram sobre possíveis fraudes, fazendo com que o valor da $Libra voltasse a cair, causando prejuízos a um número ainda incerto de investidores.
O presidente minimizou os danos, afirmando que os investidores eram “pessoas hiperespecializadas” que entraram na operação sabendo dos riscos. No entanto, no domingo, representantes de duas organizações sociais e de um partido político entraram com uma denúncia contra Milei, acusando-o de ter causado prejuízos a mais de 40 mil pessoas, estimando um impacto de US$ 4 bilhões.
Em resposta, Milei contestou a informação, dizendo que o número de pessoas prejudicadas era exagerado e que a maioria dos investidores afetados era estrangeira. “A maioria [dos que perderam dinheiro com o investimento] é estadunidense e chinesa”, afirmou, qualificando a situação como um “problema entre privados”.
O presidente garantiu que não houve perdas para o Estado argentino. Em uma ação preventiva, o governo anunciou no último sábado a criação de um Gabinete Anticorrupção para investigar se algum membro do governo agiu de forma imprópria em relação ao projeto. Além disso, uma força-tarefa foi formada para avaliar a $Libra e as pessoas ou empresas envolvidas na iniciativa.
“Agí de boa fé. Olhando agora para as repercussões políticas, admito que tenho algo a aprender [com o ocorrido]. Tenho que ter filtros”, concluiu Milei, aguardando as conclusões da Justiça sobre possíveis benefícios pessoais obtidos por funcionários do governo na promoção da criptomoeda.