O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou nesta sexta-feira (14/2) que a Rússia danificou a estrutura de proteção do reator nuclear que explodiu em Chernobyl em 1986, após um ataque com drone. A cúpula de aço, inaugurada em 2016, tem função crucial de isolar o material radioativo do ambiente. Segundo Zelensky, apesar do incidente, não houve aumento nos níveis de radiação.
Em publicação na rede social X, o presidente ucraniano relatou que um drone russo equipado com ogiva explosiva atingiu "a estrutura que protege o mundo da radiação do reator nº 4 da usina nuclear de Chernobyl", provocando um incêndio que foi posteriormente controlado.
A estrutura atingida é uma imponente construção de aço com 25.000 toneladas, 108 metros de altura e 162 metros de comprimento. O projeto, orçado em aproximadamente € 1,5 bilhão, foi executado pelas empresas francesas Bouygues e Vinci, com financiamento de 45 países. Com previsão de vida útil de 100 anos, a cúpula tem a função de proteger o antigo sarcófago soviético que isola os detritos radioativos do reator.
O Kremlin, por meio de seu porta-voz Dmitry Peskov, negou as acusações: "Não tenho informações precisas, mas os militares russos não estão fazendo isso". Contudo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que sua equipe no local registrou "uma explosão que vinha do arco de contenção" e foi informada sobre o ataque do drone.
Zelensky compartilhou evidências do incidente, incluindo um vídeo da explosão e do incêndio resultante. As imagens mostram danos à estrutura metálica, com um buraco visível e marcas de fuligem. Fotos adicionais do interior da estrutura revelam chapas metálicas destruídas e equipamentos danificados.
"A Rússia é o único país do mundo que ataca esses locais, ocupa usinas nucleares e trava uma guerra sem se preocupar com as consequências. É uma ameaça terrorista para o mundo inteiro", declarou o presidente ucraniano.
As autoridades ucranianas planejam compartilhar detalhes do ataque com representantes dos Estados Unidos durante a Conferência de Segurança de Munique, onde está previsto um encontro entre Zelensky e o vice-presidente americano, JD Vance. Andriy Yermak, chefe da administração presidencial ucraniana, destacou via Telegram a gravidade da situação, lembrando que "o mundo inteiro investiu na cúpula e hoje ela é alvo de um ataque russo".
O incidente reaviva preocupações sobre a segurança nuclear na região. No início da invasão, há três anos, a Rússia ocupou temporariamente a usina de Chernobyl com apoio de tropas da Belarus, gerando temores de possíveis vazamentos radioativos. As forças russas se retiraram no final de março de 2022, quando foram forçadas a recuar do norte da Ucrânia.
Além disso, desde março de 2022, a Rússia mantém sob seu controle a usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, localizada no sul da Ucrânia. Desde então, ambos os lados têm trocado acusações sobre ações que colocam em risco a segurança da instalação, aumentando o temor de um possível desastre nuclear.