Nicolás Maduro assumiu nesta sexta-feira (10) seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, em cerimônia realizada no Palácio de Miraflores, em Caracas. A posse, que conta com aproximadamente 2 mil convidados internacionais, ocorre em meio a uma onda de protestos internos e forte condenação por parte da comunidade internacional, especialmente após as controversas eleições de 28 de julho de 2024.
Estados Unidos, Canadá, Argentina e Chile lideram as críticas ao novo mandato de Maduro, alegando fraudes no processo eleitoral. Mesmo países tradicionalmente alinhados com Caracas, como Brasil e Colômbia, manifestaram preocupação com a falta de transparência nas eleições, embora mantenham representação diplomática na cerimônia de posse.
O clima de tensão no país intensificou-se na véspera da posse, com manifestações populares em diversas cidades venezuelanas. A ex-deputada María Corina Machado liderou os protestos que defendiam a posse de Edmundo González, candidato opositor, como presidente legítimo. Um falso rumor sobre a prisão de Machado chegou a aumentar as tensões nas ruas da capital.
"Hoje, mais uma vez, o povo venezuelano sairá às ruas para exigir respeito à vontade expressa nas eleições de 28 de julho. Unidos, alcançaremos a Venezuela livre e pacífica que merecemos. Não estamos sozinhos!", declarou González de seu exílio na Espanha.
Para o novo mandato, que se estenderá até 10 de janeiro de 2031, Maduro anunciou planos de implementar uma reforma constitucional significativa. "O objetivo da Reforma Constitucional é definir com claridade o modelo de desenvolvimento venezuelano para os próximos 30 anos e democratizar até o infinito a vida política e social da Venezuela", afirmou o presidente, destacando sua intenção de consolidar o "Estado comunal", projeto iniciado por Hugo Chávez.
A tensão política aumentou nos últimos dias com a prisão do ex-candidato Enrique Márquez, do partido Centrados, acusado de articular uma posse paralela de González. Além disso, 150 estrangeiros foram detidos sob acusação de conspiração. A Frente Democrática Popular, coalizão que apoiava Márquez, reagiu em nota: "Denunciamos energicamente a campanha de difamação empreendida pelo ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello, que tem como objetivo criminalizar nossos companheiros."
Enquanto isso, González realiza um périplo internacional em busca de apoio contra o novo mandato de Maduro, tendo sido recebido por lideranças da Argentina, Uruguai e Estados Unidos. A posse marca um dos momentos mais delicados da política venezuelana recente, evidenciando não apenas as profundas divisões internas do país, mas também seu crescente isolamento internacional.