Internos do curso de Medicina do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) denunciaram as condições insalubres da sala de descanso destinada aos estudantes no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG). Com mensalidades que chegam a quase R$ 15 mil, a instituição é uma das mais caras do país, mas os futuros médicos enfrentam uma realidade bem distante do valor investido.
Segundo os estudantes, o espaço apresenta mofo nas paredes, falta de ventilação, bebedouro sujo e um aparelho de ar-condicionado que está quebrado há meses. A situação já teria causado impactos diretos na saúde dos internos. “Semana passada, tomei meu primeiro antialérgico na vida, porque passei meu horário de almoço aqui tentando descansar”, contou a mesma estudante.
Em capturas de tela compartilhadas pelos alunos, é possível ver mensagens de alerta entre os colegas. “Gente, quem estiver indo no PSVG não beba a água do bebedouro da salinha da Univag. Hoje, tiramos um negócio preto de onde sai a água”, escreveu um aluno em um grupo de mensagens.
O espaço é o único destinado ao descanso dos internos, mesmo durante plantões que chegam a 12 horas. Além do desconforto físico, os estudantes apontam falta de estrutura mínima. A sala não conta com micro-ondas, o que obriga os internos a pedirem ajuda a médicos para aquecer as refeições em outros setores ou até mesmo sair do hospital para se alimentar. “Não podemos comer a comida dos funcionários do hospital. Então, usamos a sala só para tentar descansar, mas é praticamente impossível naquele forno”, disse a aluna.
O local é compartilhado por estudantes de diversos períodos, desde o ciclo básico até o internato, que envolve atividades em áreas como hematologia, emergência, pediatria e ortopedia. Apesar de a instituição ter informado que há planos de reforma, os alunos afirmam que não há previsão para execução. “A funcionária que limpa aqui disse que veio um técnico e que só outro ar-condicionado poderia resolver, mas a faculdade não quer pagar”, relatou uma interna.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande reconheceu os problemas estruturais do PSMVG, que tem 37 anos de funcionamento, e afirmou que reformas estão sendo articuladas em parceria com o Governo do Estado. Sobre a sala dos internos, confirmou que a Univag já enviou uma equipe para avaliação e que a pintura do ambiente será feita agora que o período chuvoso terminou. A nota diz ainda que o uso de micro-ondas em salas de repouso hospitalares é proibido por normas sanitárias, sendo permitido apenas em áreas como a cozinha da unidade.
O Centro Universitário Univag, por sua vez, atribuiu os danos ao telhado às chuvas intensas ocorridas no início do ano e garantiu que a reforma da sala está programada para o semestre atual, mas sem data definida para início ou conclusão da obra.