O programa federal Pé-de-Meia encerrou 2024 com um alcance expressivo, beneficiando mais de 3,9 milhões de estudantes do ensino médio em todo o país. A iniciativa, que teve início no começo do ano, se estabeleceu como a segunda maior política de combate à desigualdade social do Brasil, ficando atrás apenas do Bolsa Família, segundo o Ministério da Educação (MEC).
Com um investimento anual de R$ 12,5 bilhões, o programa oferece incentivo financeiro para estudantes de escolas públicas inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Os beneficiários podem receber até R$ 9,2 mil ao longo de todo o ensino médio, incluindo pagamentos mensais de R$ 200, bônus anuais de R$ 1 mil por conclusão de ano letivo e um adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
São Paulo lidera o ranking de beneficiados com 538.604 estudantes, seguido pela Bahia com 410.639 e Minas Gerais com 351.666 alunos contemplados. Para participar, além do cadastro no CadÚnico, as famílias dos estudantes devem ter renda mensal por pessoa de até meio salário mínimo.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destaca que o programa integra um conjunto de iniciativas para tornar a escola mais atrativa. "Não podemos deixar ninguém para trás! O Pé-de-Meia complementa uma série de iniciativas do governo federal para tornar a escola mais atrativa", afirmou durante a divulgação dos dados do Censo Escolar em fevereiro.
A criação do programa responde a dados preocupantes revelados pelo Censo Escolar de 2023, que apontou o ensino médio como a etapa com maior taxa de repetência (3,9%) e evasão (5,9%) da educação básica. O cenário é ainda mais crítico em populações vulneráveis: a educação quilombola registrou 11,9% de repetência no ensino médio, seguida pela indígena (10,7%), rural (5,2%) e especial (3,9%).
Um estudo realizado pelo Ipec para o Unicef ("Educação brasileira em 2022 – A voz de adolescentes") revelou que 48% dos adolescentes abandonam os estudos pela necessidade de trabalhar e complementar a renda familiar. Outros 30% deixam a escola por dificuldades em acompanhar as explicações ou atividades dos professores.
A adesão ao programa ocorre através de termo de compromisso assinado pelas redes de ensino federal, estadual, distrital e municipal, que informam os dados dos estudantes ao MEC por meio de sistema informatizado. O programa contempla tanto alunos do ensino médio regular quanto da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O incentivo é estruturado da seguinte forma:
- R$ 200 mensais mediante comprovação de matrícula e frequência
- R$ 1.000 ao fim de cada ano letivo concluído com aprovação
- R$ 200 adicionais pela participação no Enem
- Total potencial de R$ 9,2 mil por aluno durante todo o ensino médio
Os valores mensais podem ser sacados a qualquer momento, enquanto os depósitos anuais funcionam como uma poupança, liberada apenas após a conclusão do ensino médio.