A Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Sorp), realizou na sexta-feira (25) uma ação de fiscalização e desocupação em duas áreas públicas do loteamento Jardim Imperial II, ocupadas irregularmente com construções em fase inicial. A operação teve apoio da Secretaria Municipal de Obras, responsável pelos maquinários utilizados nas demolições, da Secretaria Municipal de Segurança Pública e da Polícia Militar, que garantiram a segurança dos servidores durante a ação.
As áreas invadidas são classificadas como equipamento comunitário e área verde, ambas destinadas ao uso coletivo. De acordo com o secretário adjunto de Regulação e Fiscalização Urbana da Sorp, Robson Pereira dos Santos, praticamente todas as edificações foram demolidas, uma vez que nenhuma delas era habitada no momento da operação. “Praticamente 100% das edificações que estavam em construção foram demolidas. Não havia moradia com pessoas residindo”, afirmou.
Além da ocupação irregular, a prefeitura recebeu denúncias de que os lotes estavam sendo vendidos clandestinamente por criminosos. As informações foram encaminhadas aos órgãos de segurança competentes, que investigarão a possível prática de crimes relacionados à grilagem de terras.
Durante a ação, alguns invasores tentaram simular moradia, colocando colchões e eletrodomésticos nas construções inacabadas. A secretária municipal de Ordem Pública, Juliana Palhares, afirmou que a manobra foi rapidamente identificada e refutada pelas equipes. “Assim que iniciamos a fiscalização, algumas pessoas correram até as construções para colocar eletrodomésticos e colchões, tentando simular que já estavam morando ali. Mas não havia teto, não havia infraestrutura mínima, era visivelmente uma manobra para impedir a desocupação. Não vamos compactuar com esse tipo de mentira”, declarou.
Juliana ressaltou ainda que a prefeitura vem atuando de forma preventiva para coibir ocupações recentes e fraudulentas, com base em notificações recebidas do Ministério Público, que reforçam a responsabilidade do Município em proteger o patrimônio público.
A secretária municipal de Habitação e Regularização Fundiária, Michelle Dreher, esclareceu que a legislação vigente não permite a regularização de áreas invadidas recentemente. Segundo ela, a Lei Federal nº 13.465/2017, que trata da Regularização Fundiária Urbana (Reurb), se aplica apenas a núcleos informais consolidados, ou seja, ocupações antigas e de difícil reversão, com infraestrutura mínima, presença de vias e equipamentos públicos.
“Essa ocupação do Jardim Imperial II começou há menos de um mês. Recebemos mais de cinco denúncias e, ao verificar in loco, constatamos que não havia ninguém morando no local, apenas construções em fase inicial. A Reurb não se aplica nesse caso, pois a própria lei é clara: ela só alcança áreas consolidadas”, explicou Michelle. Ela destacou ainda que a análise técnica da Secretaria de Habitação foi feita em conjunto com a Sorp, que consultou os critérios legais antes de iniciar a operação.
Michelle reforçou que não há respaldo legal para a regularização fundiária de ocupações recentes, o que precisa ser compreendido pela população para evitar falsas expectativas. “A clareza da legislação é fundamental para evitar que novas invasões aconteçam sob a ilusão de que poderão ser regularizadas no futuro”, finalizou.