Cerca de 40% dos brasileiros já foram vítimas de tentativas de fraude por e-mail, internet, telefone ou mensagens de texto, e 10% chegaram a cair nos golpes. As perdas financeiras para esses consumidores atingiram uma média de R$ 6.311, conforme mostra o relatório semestral Global de Tendências de Fraude Omnichannel, divulgado pela TransUnion.
O levantamento foi feito com mais de 13 mil adultos em 18 países e regiões, e revelou que 53% dos entrevistados no mundo foram alvo de esquemas fraudulentos no segundo semestre de 2024. No entanto, quase metade (47%) afirmou não ter reconhecido que havia sido vítima de uma tentativa de fraude.
Globalmente, 29% dos entrevistados relataram ter sofrido perdas financeiras causadas por fraudes no último ano. A média de prejuízo foi de US$ 1.747, o equivalente a R$ 10.683. A geração mais afetada foi a Z (nascidos entre 1997 e 2010), com 38% relatando perdas, enquanto apenas 11% dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) declararam ter sido lesados.
“O avanço das fraudes exige que as empresas invistam em tecnologia e, ao mesmo tempo, eduquem os consumidores sobre ameaças como o vishing”, destaca Wallace Massola, gerente de Soluções de Prevenção à Fraude da TransUnion Brasil. Segundo ele, como os sistemas antifraude estão mais sofisticados, os criminosos têm migrado para ataques de invasão de contas — que cresceram 20% em 2024 em relação ao ano anterior.
O índice geral de tentativa de fraude digital no Brasil foi de 5,4% no ano passado, acima da média global. Em transações realizadas por consumidores brasileiros, a taxa chegou a 6,1%, a sexta mais alta entre os países analisados, como Canadá, Colômbia, Índia e Filipinas.
A pesquisa também mostra que segurança digital influencia diretamente nas decisões de consumo. No Brasil, 40% dos entrevistados disseram ter desistido de uma compra ou contratação de serviço online por desconfiança na proteção de dados ou pelo excesso de informações solicitadas. No mundo, 77% dos consumidores afirmaram que confiar na segurança dos dados é fator decisivo ao escolher onde comprar.
De modo geral, 59% dos entrevistados disseram que trocariam de empresa para obter uma experiência digital mais segura e eficiente. Além disso, 62% apontaram que o medo de fraudes é o principal motivo para não retornar a determinados sites. Quase metade dos consumidores (48%) abandonaram carrinhos de compras por suspeita de fraude ou insegurança durante a navegação.
Entre os setores mais visados por fraudadores estão as comunidades online (sites de relacionamento e fóruns), com 12% das tentativas suspeitas de fraude globalmente, seguidas por jogos eletrônicos (11%), jogos online como pôquer e apostas (8%) e o varejo (8%). No Brasil, as comunidades virtuais lideram com uma taxa de 15,2%.
Segundo Massola, os criminosos exploram o ambiente de confiança dessas plataformas para criar laços emocionais com as vítimas. “A partir de perfis falsos, eles constroem relacionamentos com os usuários e, quando conquistam confiança, pedem informações sigilosas ou até dinheiro, simulando emergências pessoais”, explica.
Para Claudio Pasqualin, vice-presidente de Soluções da TransUnion Brasil, o cenário exige das empresas um compromisso contínuo com a proteção de dados. “Com o aumento das ameaças, investir em prevenção à fraude não é apenas estratégico, mas um diferencial competitivo essencial para manter a confiança do consumidor”, afirma.