Na manhã desta terça-feira (13), a Polícia Federal (PF) deflagrou a quinta fase da Operação Sisamnes, focada no combate à corrupção no sistema judiciário brasileiro. Entre os alvos, está o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como articulador de um esquema sofisticado de compra e venda de sentenças que envolve tribunais de vários estados e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com ordens para cumprir 11 mandados de busca e apreensão, dos quais quatro em Mato Grosso, a operação também incluiu o sequestro de bens avaliados em cerca de R$ 20 milhões e a apreensão de passaportes dos investigados, que agora estão proibidos de deixar o país. Entre os itens confiscados estão três carros de luxo – um Porsche Cayenne, um Porsche Macan e um Volkswagen T-Cross – avaliados entre R$ 170 mil e R$ 770 mil, além de uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100.
As investigações revelaram uma rede financeira-empresarial criada para disfarçar a origem de recursos ilícitos, como supostas propinas destinadas à compra de decisões judiciais. O esquema seria estruturado para ocultar a relação direta entre corruptores e agentes públicos, utilizando empresas de fachada e transações financeiras complexas para lavar o dinheiro.
Histórico da Operação Sisamnes
A operação começou em novembro do ano passado, com uma primeira fase que já havia cumprido 23 mandados de busca e um de prisão. Entre os alvos estavam advogados, empresários, lobistas, assessores, chefes de gabinete e até magistrados, suspeitos de negociar sentenças judiciais em troca de pagamentos milionários.
Naquele momento, Andreson Gonçalves teve a prisão preventiva decretada, e a esposa dele passou a ser monitorada eletronicamente, junto com dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho.
As apurações também indicam a existência de negociações para o vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais, como forma de proteger os interesses dos envolvidos.
O simbolismo do nome
O nome da operação faz alusão ao juiz Sisamnes, uma figura da mitologia persa que teria sido executado por aceitar suborno para proferir uma sentença injusta. Segundo a lenda, Sisamnes foi julgado por sua corrupção, esfolado vivo e sua pele usada para forrar a cadeira de seu sucessor, em um exemplo extremo de justiça e punição.