O governo federal anunciou nesta sexta-feira (22) um novo bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento de 2024, elevando o total de recursos congelados de R$ 13,3 bilhões para R$ 19,3 bilhões. A medida, divulgada pelos Ministérios do Planejamento e Orçamento e da Fazenda, foi motivada principalmente pelo aumento nas despesas com a Previdência Social.
O valor do novo bloqueio superou a estimativa de R$ 5 bilhões previamente anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira (21). As informações constam no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento enviado ao Congresso Nacional.
Principais Impactos no Orçamento
O aumento de R$ 6 bilhões no bloqueio foi justificado por:
- Elevação de R$ 7,7 bilhões nas estimativas de gastos com a Previdência Social
- Acréscimo de R$ 612,1 milhões nas despesas com o Benefício de Prestação Continuada (BPC)
Essas elevações foram parcialmente compensadas por:
- Redução de R$ 1,9 bilhão nas estimativas de gastos com pessoal
- Diminuição de R$ 2,6 bilhões em subsídios e subvenções
Déficit Primário e Metas Fiscais
O relatório trouxe uma redução na previsão do déficit primário, que passou de R$ 68,8 bilhões para R$ 65,3 bilhões. Esta melhora deve-se principalmente à diminuição das despesas fora do novo arcabouço fiscal, que caíram de R$ 40,5 bilhões para R$ 36,6 bilhões.
A estimativa de déficit primário considerada no arcabouço fiscal teve um leve aumento, passando de R$ 28,35 bilhões para R$ 28,74 bilhões. Como a diferença de R$ 388,5 milhões está dentro da margem de tolerância de R$ 28,76 bilhões, não houve necessidade de contingenciamento.
Diferença Entre Bloqueio e Contingenciamento
O novo arcabouço fiscal estabelece distinções importantes:
- Bloqueio: ocorre quando os gastos governamentais superam o limite de 70% do crescimento da receita acima da inflação
- Contingenciamento: é aplicado quando há insuficiência de receitas que possam comprometer o cumprimento da meta de resultado primário
Perspectivas e Medidas Futuras
O ministro Fernando Haddad mantém-se otimista quanto ao cumprimento das metas fiscais. "Nós estamos desde o começo do ano reafirmando, contra todos os prognósticos, [que] não vai haver alteração de meta do resultado primário", afirmou na quinta-feira.
É importante ressaltar que este bloqueio é independente do pacote de corte de gastos que será anunciado pelo governo na próxima semana. Enquanto o bloqueio atual afeta o Orçamento de 2024, as futuras medidas de revisão de gastos obrigatórios visam economizar recursos para 2025 e 2026.