O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta segunda-feira (27) o encarregado de Negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre irregularidades na deportação de 88 brasileiros ocorrida no fim de semana.
Durante reunião com a secretária de Assuntos Consulares, embaixadora Márcia Loureiro, Escobar, que assume temporariamente a liderança da embaixada americana após a saída da titular no final de 2024, foi questionado sobre os procedimentos adotados durante o voo de deportação. Segundo fontes do Itamaraty, o principal ponto de discussão foi o uso forçado de algemas nos deportados, mesmo após a aeronave pousar em território brasileiro.
O diplomata americano argumentou que o uso de algemas durante os voos é um procedimento padrão adotado pelas autoridades dos Estados Unidos em deportações anteriores. Escobar se comprometeu a investigar as denúncias de possíveis violações de direitos humanos durante o processo.
Antes da convocação do diplomata americano, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para discutir o incidente. O presidente brasileiro deve participar, por videoconferência, de uma reunião com outros líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na próxima quinta-feira (30) para debater a crise imigratória americana.
O caso ganhou repercussão após uma aeronave com os 88 deportados realizar uma escala de emergência em Manaus. Durante a parada, os brasileiros procuraram a Polícia Federal para denunciar condições precárias no voo, incluindo falta de alimentação e problemas no ar condicionado.
A situação se agravou quando autoridades americanas insistiram em manter os brasileiros algemados no trecho entre Manaus e Belo Horizonte, destino final do voo. O governo brasileiro não aceitou a exigência e providenciou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados até seu destino final.