O Brasil pretende avançar nas discussões sobre a governança da Inteligência Artificial (IA) durante sua presidência no BRICS, conforme indicou o embaixador Saboia. Segundo ele, por se tratar de uma tecnologia disruptiva, é fundamental estabelecer diretrizes para seu desenvolvimento e utilização. "Não existe uma governança da inteligência artificial, mas essa é uma discussão que está ocorrendo. Quem sabe no BRICS, durante a presidência brasileira, a gente possa avançar na ideia de ter uma visão desses países sobre como deve ser a governança da inteligência artificial", destacou o diplomata.
O embaixador ressalta a importância do BRICS como força construtiva e estabilizadora no cenário internacional, destacando como países com sistemas políticos distintos conseguem dialogar e encontrar soluções conjuntas para suas populações. "É estabilizador porque se você tem esses países, que são muito diferentes e com sistemas políticos diferentes, cada um com seus desafios, se entendendo e eles se reúnem todo ano, isso é bom para todo mundo, porque dali saem soluções para a população", afirmou.
O grupo, que iniciou em 2009 com Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), incorporou a África do Sul em 2011, tornando-se BRICS. Em 2023, durante a cúpula de Johannesburgo, houve uma significativa expansão com o convite a seis novos países: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Destes, apenas a Argentina optou por não aderir ao bloco, enquanto os demais já participaram da cúpula de 2024 em Kazan, Rússia.
Saboia explica que a expansão do BRICS reflete o sucesso do grupo e seu papel crescente no cenário internacional. "O BRICS hoje desperta grande interesse e é importante que ele seja representativo dos países do sul global, dos países emergentes", observou. Ele também relaciona a ampliação do grupo com a posição brasileira sobre a reforma da governança global, especialmente no que diz respeito ao Conselho de Segurança da ONU.
Na recente cúpula de Kazan, o BRICS também estabeleceu uma nova categoria de membros associados, com 13 países convidados: Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda. A formalização dessas adesões deve ser anunciada nas próximas semanas.
"Uma das prioridades da nossa presidência é fazer com que esses países se sintam acolhidos na família do BRICS. É importante que haja um trabalho para que eles se envolvam", ressaltou Saboia, acrescentando que os novos membros associados participarão das reuniões de ministros de Relações Exteriores e da cúpula prevista para 2025.