O Sistema Único de Saúde (SUS) acaba de dar um passo importante no cuidado às pessoas com dermatite atópica: três novos medicamentos passam a integrar o protocolo de tratamento da doença, permitindo uma abordagem mais ampla e eficaz, desde os casos mais leves até os quadros mais graves.
A novidade foi anunciada pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (26/5), com a publicação de portarias que oficializam a incorporação das pomadas tacrolimo e furoato de mometasona, além do medicamento oral metotrexato. A medida representa uma conquista para milhares de brasileiros que enfrentam os desafios diários impostos por essa condição crônica da pele.
A dermatite atópica atinge principalmente crianças, mas também pode acometer adolescentes e adultos. Trata-se de uma doença inflamatória e não contagiosa, com base genética, que provoca lesões, coceiras intensas e ressecamento da pele, especialmente em áreas como cotovelos, joelhos e pescoço. Embora não tenha cura, é possível controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida com o tratamento adequado.
Avanço no cuidado e inclusão social
Para a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Fernanda De Negri, a ampliação da oferta terapêutica representa mais do que alívio físico — é também uma forma de combater o preconceito. “As novas medicações permitem tratamentos personalizados, com menos efeitos adversos e mais eficiência. Além disso, ajudam a enfrentar os estigmas sociais que atingem pessoas com lesões visíveis, muitas vezes alvo de discriminação, principalmente em ambiente escolar”, afirmou.
Além das questões clínicas, os impactos psicossociais da dermatite atópica são relevantes. A visibilidade das lesões pode levar ao isolamento social e afetar a autoestima, interferindo diretamente no bem-estar e na rotina dos pacientes, em especial crianças e adolescentes.
Conheça os medicamentos agora disponíveis
A atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dermatite Atópica vai orientar o uso dos novos medicamentos:
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Tacrolimo tópico (0,03% e 0,1%) – Pomada de alto custo que antes tinha acesso restrito. É indicada para áreas sensíveis, como o rosto, oferecendo alternativa segura ao uso prolongado de corticoides.
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Furoato de mometasona (0,1%) – Também em forma de pomada, promove rápida regeneração da pele e alta adesão ao tratamento. Pode ser usado em diferentes faixas etárias e graus da doença.
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Metotrexato oral – Utilizado para casos graves, especialmente em pacientes que não toleram ciclosporina. Atua como imunossupressor, ajudando a reduzir inflamações e a dependência de corticosteroides sistêmicos.
Tratamento mais completo na rede pública
Com esses reforços, o SUS passa a contar com um arsenal mais robusto no enfrentamento à dermatite atópica. Até então, estavam disponíveis duas pomadas de potência leve (dexametasona e acetato de hidrocortisona) e a ciclosporina, indicada para casos graves.
Entre 2024 e 2025, o SUS registrou mais de 500 mil atendimentos ambulatoriais e cerca de mil hospitalizações relacionadas à doença. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar que pode incluir consultas especializadas, exames, orientação para cuidados com a pele, uso de emolientes, fototerapia, e agora, novas opções farmacológicas.
Como acessar o tratamento
O acesso aos medicamentos ocorre por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Após avaliação clínica, o paciente pode ser encaminhado para atendimento com especialista, que determinará o diagnóstico e a conduta terapêutica mais indicada, conforme os protocolos atualizados.
Com essa ampliação, o SUS fortalece seu papel de garantir um cuidado integral e humanizado às pessoas com dermatite atópica, reafirmando o compromisso com a equidade e o acesso universal à saúde.