O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, continua sendo uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. No entanto, especialistas afirmam que até 80% dos casos poderiam ser evitados com mudanças simples no estilo de vida e acompanhamento médico regular.
O AVC acontece quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, o que pode levar à morte de células cerebrais em minutos. Existem dois tipos principais: o isquêmico, causado por obstrução, e o hemorrágico, quando há rompimento de vasos sanguíneos.
1. Controle da pressão arterial
A hipertensão arterial é considerada o principal fator de risco para o AVC. Quando a pressão está constantemente elevada, há maior risco de rompimento ou obstrução de vasos sanguíneos cerebrais.
O ideal é manter a pressão em níveis inferiores a 120/80 mmHg. Para isso, é essencial:
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Reduzir o consumo de sal (idealmente até 5g por dia)
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Evitar alimentos industrializados e embutidos
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Praticar exercícios físicos
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Reduzir o estresse
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Tomar corretamente os medicamentos prescritos
2. Alimentação saudável e balanceada
Uma dieta rica em nutrientes e pobre em gorduras ruins pode reduzir drasticamente os riscos de doenças cardiovasculares e do AVC.
Recomenda-se:
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Consumir frutas, verduras, legumes e cereais integrais diariamente
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Priorizar alimentos com ômega-3, como salmão, sardinha e linhaça
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Evitar gorduras trans, presentes em frituras e produtos ultraprocessados
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Reduzir o consumo de açúcar e bebidas adoçadas
Além disso, a manutenção de um peso corporal saudável é fundamental. A obesidade está diretamente associada à pressão alta, ao diabetes tipo 2 e ao colesterol elevado, todos fatores de risco para o AVC.
3. Prática regular de atividades físicas
A prática de atividades físicas regulares ajuda a controlar a pressão arterial, melhorar o colesterol, manter o peso ideal e reduzir o estresse — elementos essenciais na prevenção do AVC.
A recomendação da OMS é:
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Pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada (como caminhada, bicicleta ou hidroginástica)
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Ou 75 minutos de atividade intensa (como corrida ou esportes de alta intensidade
4. Abandono do tabagismo
O cigarro compromete a saúde dos vasos sanguíneos e acelera o acúmulo de placas de gordura nas artérias (aterosclerose), aumentando o risco de infarto e AVC.
Além disso, o tabagismo:
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Diminui a oxigenação do cérebro
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Aumenta a viscosidade do sangue, favorecendo a formação de coágulos
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Eleva a pressão arterial e reduz o colesterol bom (HDL)
Parar de fumar reduz significativamente o risco de AVC em poucos anos. Existem diversas estratégias disponíveis, como reposição de nicotina, medicamentos e acompanhamento psicológico.
5. Moderação no consumo de álcool
O consumo excessivo e frequente de bebidas alcoólicas está associado ao aumento da pressão arterial, à arritmia cardíaca e a alterações metabólicas que contribuem para o risco de AVC.
Especialistas recomendam:
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Limitar o consumo a 1 dose por dia para mulheres e 2 doses para homens
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Evitar o consumo em grandes quantidades ou em episódios de "bebedeira" (binge drinking)
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Optar por períodos sem álcool, caso haja histórico familiar de doenças cardiovasculares
6. Controle do diabetes
O diabetes descompensado danifica os vasos sanguíneos ao longo do tempo, tornando-os mais suscetíveis a entupimentos e rupturas.
Para quem tem a doença, é essencial:
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Monitorar a glicemia regularmente
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Manter a alimentação controlada, com baixo índice glicêmico
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Tomar a medicação conforme orientação médica
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Evitar longos períodos sem alimentação
Mesmo em pessoas sem diagnóstico, é importante realizar exames periódicos. O pré-diabetes, condição silenciosa, também representa um risco considerável se não for controlado.
7. Controle do colesterol
O colesterol alto, especialmente o LDL (conhecido como “colesterol ruim”), contribui para a formação de placas de gordura nas artérias, o que pode provocar a obstrução do fluxo sanguíneo cerebral.
Para evitar esse cenário, recomenda-se:
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Fazer exames de sangue regularmente
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Reduzir a ingestão de gorduras saturadas e trans
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Aumentar o consumo de fibras e alimentos ricos em HDL (colesterol “bom”)
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Praticar exercícios físicos com regularidade
Medicamentos para controle do colesterol, como as estatinas, devem ser utilizados apenas com prescrição médica.
8. Acompanhamento médico e atenção ao histórico familiar
Pessoas com histórico familiar de AVC ou doenças cardiovasculares devem redobrar os cuidados. A prevenção começa cedo e envolve:
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Realizar check-ups anuais
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Monitorar os principais indicadores (pressão, glicemia, colesterol, IMC)
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Seguir as recomendações médicas mesmo na ausência de sintomas
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Informar o médico sobre ocorrências familiares
Fique atento aos sinais de alerta
Reconhecer os sintomas do AVC e agir rapidamente pode salvar vidas. Os principais sinais incluem:
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Fraqueza súbita em um lado do corpo
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Dificuldade para falar ou compreender
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Alteração na visão
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Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação
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Dor de cabeça súbita e intensa
Em qualquer um desses casos, ligue imediatamente para o serviço de emergência (SAMU – 192). O atendimento rápido aumenta as chances de recuperação sem sequelas.
Informação é prevenção
Mudanças de hábito, embora simples, têm o poder de transformar vidas. Prevenir o AVC é uma escolha diária que envolve cuidado com o corpo, atenção à saúde mental e responsabilidade com a própria vida.
No AVC, cada minuto conta. E cada atitude faz a diferença.