Um ensaio clínico de Fase 3 realizado pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva revelou que a vacina contra a chikungunya mantém a produção de anticorpos em 98,3% dos adolescentes imunizados após um ano da aplicação. O estudo, que envolveu 750 participantes entre 12 e 17 anos residentes em áreas endêmicas do Brasil, reforça os resultados promissores anteriormente publicados na revista The Lancet Infectious Diseases, que já havia demonstrado uma proteção de 99,1% após seis meses da vacinação.
Iniciado em 2022, o estudo brasileiro abrange jovens de diversas regiões com alta circulação do vírus, incluindo cidades como São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus e outras localidades estratégicas. Esta pesquisa complementa os ensaios técnicos previamente realizados nos Estados Unidos com 4 mil voluntários adultos entre 18 e 65 anos, que apresentaram uma imunogenicidade de 98,9% sustentada por, no mínimo, seis meses.
Os resultados positivos dos testes com adultos já levaram à aprovação da vacina nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA) e na Europa pela European Medicines Agency (EMA) para pessoas acima de 18 anos. Com base nesses dados, a Valneva e o Butantan solicitaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para uso definitivo do imunizante no Brasil.
De acordo com o Instituto Butantan, tanto os estudos brasileiros quanto os norte-americanos confirmaram a segurança e boa tolerância da vacina em adolescentes e adultos. O comitê independente não identificou problemas de segurança significativos, e a maioria das reações adversas registradas foi classificada como leve a moderada.
A chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, representa um sério problema de saúde pública. A doença caracteriza-se por sintomas como febre alta, dores articulares intensas, dor de cabeça, dores musculares, calafrios, dor retro-orbital e erupções cutâneas. Em casos mais graves, os pacientes podem desenvolver dores articulares crônicas que persistem por anos.
O Brasil já registrou três óbitos por chikungunya nos primeiros dias de 2024, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, após ter contabilizado 214 mortes pela doença em 2023. A principal medida preventiva continua sendo o combate ao mosquito vetor, através da eliminação de criadouros em água parada, como vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas em desuso.
A aprovação final da vacina para uso na população brasileira depende agora da análise e autorização da Anvisa, etapa fundamental no processo de disponibilização de qualquer novo imunizante no país.