Apesar das adversidades climáticas, o Brasil deverá fechar o ciclo 2024/25 com a segunda maior safra de cana-de-açúcar já registrada, totalizando 676,96 milhões de toneladas. O volume é 5,1% inferior ao recorde histórico da temporada anterior, segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira (17).
A queda na produção reflete uma combinação de fatores climáticos desfavoráveis, principalmente na Região Centro-Sul — responsável por mais de 90% da cana colhida no país. Altas temperaturas, escassez de chuvas e queimadas em áreas produtivas comprometeram o rendimento dos canaviais. O impacto direto foi percebido na produtividade média nacional, que recuou para 77.223 quilos por hectare.
Maior polo produtor do país, o Sudeste foi o mais afetado. A região colheu 439,6 milhões de toneladas, uma retração de 6,3% em relação à temporada passada. Apesar do crescimento de 7,5% na área cultivada, que chegou a 5,48 milhões de hectares, a produtividade despencou 12,8%, ficando em 80.181 quilos por hectare.
Centro-Oeste mantém estabilidade
Já no Centro-Oeste, a colheita se manteve praticamente estável, com 145,3 milhões de toneladas — ligeira alta de 0,2%. A área plantada aumentou 4%, atingindo 1,85 milhão de hectares, mas a produtividade sofreu queda de 3,7%, alcançando 78.540 quilos por hectare.
Panorama nas demais regiões
No Nordeste, onde a colheita ainda está em andamento, a estimativa é de 54,4 milhões de toneladas, 3,7% abaixo da safra passada. A restrição hídrica é apontada como principal fator limitante, apesar do leve crescimento na área colhida, que subiu 1,6% e alcançou 897,5 mil hectares.
Na Região Sul, o cenário é mais negativo: tanto a área plantada quanto a produtividade encolheram, resultando numa queda de 13,2% na produção, que ficou em 33,6 milhões de toneladas.
A exceção ficou por conta da Região Norte, que registrou crescimento modesto na área (1,4%) e na produtividade (1,1%), com produção estimada em 4 milhões de toneladas.
Impacto nos derivados: açúcar em queda, etanol em alta
Com menos cana disponível, a produção de açúcar também encolheu. A estimativa é de 44,1 milhões de toneladas, redução de 3,4% em comparação ao ciclo anterior. Ainda assim, trata-se da segunda maior safra de açúcar na série histórica da Conab. A destinação de maior parte da matéria-prima para o adoçante foi motivada por um mercado externo aquecido.
O etanol, por outro lado, apresentou crescimento. Foram produzidos 37,2 bilhões de litros, aumento de 4,4%. Esse avanço ocorreu mesmo com a leve retração (1,1%) na produção a partir da cana. O destaque ficou por conta do etanol de milho, cuja produção deu um salto de 32,4%, atingindo 7,84 bilhões de litros.
Exportações mantêm ritmo, mas receita encolhe
Nas exportações, o volume de açúcar manteve-se estável, com 35,1 milhões de toneladas embarcadas. Porém, a receita caiu 8,2%, somando US$ 16,7 bilhões, resultado da queda nos preços internacionais.
Já as exportações de etanol registraram retração mais acentuada: 1,75 bilhão de litros enviados ao exterior, o que representa queda de 31% em relação ao ciclo anterior.
Segundo a Conab, o etanol de milho vem ganhando importância crescente na matriz energética nacional, impulsionado tanto pela ampliação de novas unidades industriais quanto pela maior eficiência das plantas já em operação.