As exportações brasileiras de milho registraram avanço em setembro, repetindo o desempenho observado no mesmo período do ano passado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que a movimentação foi puxada não apenas pela demanda externa, mas também pelo fortalecimento do consumo interno voltado à produção de carnes e etanol.
Segundo o diretor do Canal Rural Sul, Giovani Ferreira, até a segunda semana de setembro o milho superou a soja em volume embarcado: foram 3 milhões de toneladas contra 2,7 milhões de toneladas do grão oleaginoso. “Esse movimento é natural. O milho está compensando o atraso acumulado nos últimos meses, quando a soja predominou”, explicou.
De janeiro a setembro, nos últimos cinco anos, o Brasil oscilou entre 18,8 milhões e 24,3 milhões de toneladas exportadas de milho. Ferreira avalia que os números de 2025 devem se aproximar do patamar do ano passado, que fechou setembro em 24,3 milhões de toneladas.
O ponto de atenção, entretanto, está nas importações. Somente em 2025 já foram adquiridas mais de 1 milhão de toneladas do cereal, número superior ao registrado em 2023 (790 mil t) e 2024 (880 mil t). “Existe a possibilidade de alcançarmos o volume de 1,74 milhão de toneladas visto em 2022”, destacou o diretor.
Produção e novas demandas
A expansão da produção é um dos fatores que sustenta esse cenário. A safra atual alcança 140 milhões de toneladas nas duas temporadas, crescimento expressivo em relação aos 85 milhões produzidos há dez anos. Nesse período, a demanda também se intensificou, inicialmente para suprir o setor de carnes, grande consumidor de milho.
Nos últimos anos, outras frentes ganharam protagonismo, como a produção de etanol de milho, que já consome cerca de 30 milhões de toneladas anuais. Em 2024, o Brasil exportou 55 milhões de toneladas do cereal, mas o volume caiu para 39 milhões no ano seguinte, diante da expansão das usinas dedicadas ao biocombustível.
A logística também reflete essas mudanças. O porto de Paranaguá (PR) multiplicou por quatro o volume exportado, saltando de 500 mil para mais de 2 milhões de toneladas. Enquanto isso, a produção do Centro-Oeste é majoritariamente direcionada às usinas de etanol e ao abastecimento interno, deixando o excedente do Sul para os embarques internacionais.
“O mercado é dinâmico e competitivo. A demanda interna está aquecida e, no fim das contas, quem oferecer mais, leva”, concluiu Ferreira.