Morre José Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

História de luta e resistência

José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, no dia 20 de maio de 1935. Na década de 1960, Mujica se tornou membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, grupo que ganhou notoriedade no país por suas ações de combate à desigualdade social, como assaltos a bancos e distribuição de recursos aos mais necessitados. O movimento foi um dos principais alvos da ditadura militar que assumiu o poder em 1973, e Mujica, como outros integrantes da guerrilha, enfrentou perseguições e repressões violentas.

Durante sua trajetória na luta armada, o ex-presidente foi ferido quatro vezes e passou 14 anos preso, grande parte desse tempo em condições precárias e em solitária. Ele também escapou da prisão em duas ocasiões, até ser recapturado definitivamente em 1972.

Após sua libertação, Mujica se distanciou da luta armada e passou a se envolver com a política institucional, sendo eleito deputado e senador antes de conquistar a presidência. Seu mandato foi marcado por políticas progressistas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização da maconha, além de um forte compromisso com a redução das desigualdades sociais no país.

Legado de humildade e compromisso social

Conhecido mundialmente por seu estilo de vida simples e seu discurso direto, Mujica ficou famoso por seu desapego ao luxo. Durante seu mandato, ele doou grande parte de seu salário a projetos sociais e viveu em uma pequena casa nos arredores de Montevidéu, longe dos excessos que geralmente cercam os chefes de Estado.

Além de seu legado político, Mujica deixa uma marca indelével na história do Uruguai como símbolo de resistência, humildade e comprometimento com as causas populares. Sua morte representa o fim de uma era para o país, mas seu nome e suas ideias continuarão a ecoar nas futuras gerações.