Gabriel começou a se dedicar à corrida em junho de 2023, incentivado por um primo. Em fevereiro, o treinador de atletismo Cláudio Mendes de Almeida se impressionou ao ver o jovem participando de uma corrida. Na ocasião, convidou Gabriel para treinar com ele.
“Eu vi que, pela idade, o Gabriel já fazia um tempo razoável. Mas ele ainda era muito jovem para competir na corrida de rua. Por outro lado, o paradesporto poderia fornecer mais oportunidades para ele treinar e competir”, lembrou.
Contudo, o garoto de 12 anos não se empolgou com o convite.

Mas tudo mudou quando, durante as Paralimpíadas de Paris, neste ano, Gabriel viu o atleta paraibano Petrúcio Ferreira na televisão. Petrúcio, tricampeão da prova dos 100m pela classe T47 (limitação em membros superiores), compartilha uma deficiência parecida com o jovem cuiabano.
“Eu me imaginei lá correndo”, contou Gabriel, após ver Petrúcio competindo. Foi quando o garoto resolveu aceitar o convite de Cláudio para treinar atletismo.
A evolução foi rápida. Ele estreou no atletismo na etapa estadual das Paralimpíadas Escolares em junho deste ano, onde conquistou o ouro nas duas modalidades que participou (60m e 800m). Agora, no âmbito nacional, Gabriel repete o feito de ir ao pódio nas modalidades.
O sucesso precoce de Gabriel, porém, é igualmente proporcional à sua vontade de melhorar. “Nos 100m, eu não larguei tão bem quanto eu gostaria. Mas, no ano que vem, eu venho para bater recordes”, ele garante, determinado.
Com o pódio conquistado na competição nacional, o garoto se tornou apto a receber o Bolsa Atleta, programa do governo feral que patrocina atletas e para-atletas de relevância nacional e internacional. Agora, ele pretende continuar investindo no sonho de competir.
Um aspecto destacado por pessoas ao redor de Gabriel é o aumento da autoestima do garoto. Vitoria Raisa Mizael de Moura, 25, irmã de Gabriel, destaca que o esporte o deixou mais confiante.
“Gabriel tinha muita vergonha da sua deficiência. Ele sempre sofreu muito preconceito por diversas pessoas e olhares ruins, principalmente, na escola. Ele tinha vergonha de fazer programas simples, como ir ao shopping, ir a uma festa de aniversário, passear com os amigos, tudo ele se sentia desconfortável e envergonhado. Hoje, ele consegue ser ele mesmo, e se aceitar, não esconde mais o braço, e nem se anula em diversas situações”, explicou.
Capoeira
Além do atletismo, Gabriel também é destaque nacional na capoeira. Em 20 de julho deste ano, ele participou da 5ª edição da Copa Nortão de Capoeira, em Lucas do Rio Verde. O prodígio terminou em segundo lugar na categoria masculina entre 11 e 13 anos, e conquistou uma vaga para o campeonato mundial de capoeira, que acontecerá em Paris, no próximo ano.
A viagem para a França está marcada para abril. Enquanto isso, a família busca de recursos para conseguir custear as passagens e hospedagem.