A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira (25) que mais de 50 pessoas morreram nas últimas semanas devido a dois surtos de doença de causa desconhecida na região noroeste da República Democrática do Congo. De acordo com o boletim divulgado pela organização, até 16 de fevereiro foram registrados 431 casos e 53 mortes em vilarejos remotos localizados em diferentes zonas de saúde na província de Equateur.
"Os surtos, nos quais os casos se multiplicaram rapidamente em questão de dias, representam uma ameaça de saúde significativa. A causa exata continua desconhecida", declarou o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, durante entrevista coletiva realizada ontem. Ele ressaltou que os vilarejos afetados possuem capacidades de vigilância e infraestrutura sanitárias extremamente limitadas, o que dificulta o controle da situação.
O surto mais grave foi notificado em 13 de fevereiro no vilarejo de Bomate, na zona sanitária de Basankusu, província de Equateur. Neste local, a doença já provocou 45 mortes entre os 419 casos identificados. Segundo informações da OMS, quase metade dos pacientes faleceu dentro de 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, que incluem febre, dores generalizadas, vômitos e diarreia.
As equipes médicas coletaram amostras de 13 casos para análise laboratorial, e os resultados deram negativo para os vírus Ebola e Marburg, duas doenças hemorrágicas conhecidas na região. A OMS informou que as investigações continuam em andamento para identificar outras possíveis causas, como malária, intoxicação alimentar, febre tifoide, meningite ou outra febre hemorrágica viral ainda não identificada.
Um surto anterior havia sido notificado em 12 de janeiro no vilarejo de Boloko, na zona sanitária de Bolomba, também na província de Equateur. Neste local, foram registrados 12 casos com oito mortes. A OMS afirmou que, até o momento, não foi estabelecida nenhuma ligação epidemiológica entre os dois focos de casos, apesar da proximidade geográfica.
A República Democrática do Congo, país com dimensões aproximadas às da Europa Ocidental, enfrenta desafios significativos no controle de doenças infecciosas devido à precariedade de seu sistema de saúde, especialmente em áreas remotas como as afetadas por estes surtos misteriosos.
Equipes de especialistas da OMS e do Ministério da Saúde congolês estão trabalhando no local para identificar a causa dos surtos e implementar medidas de controle para evitar a propagação da doença. A organização internacional alerta para a necessidade de fortalecer a vigilância epidemiológica na região e melhorar o acesso a serviços de saúde básicos para as populações afetadas.