O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira (11) que Israel retomará sua ofensiva militar na Faixa de Gaza caso o Hamas não liberte os reféns até o meio-dia de sábado (15). A decisão foi tomada após uma reunião de quatro horas com o gabinete de segurança.
"No gabinete, decidimos por unanimidade: se o Hamas não devolver nossos reféns até sábado ao meio-dia, o cessar-fogo terminará e o Exército voltará a combater intensamente até que o Hamas seja finalmente derrotado", declarou Netanyahu em um vídeo. Embora o primeiro-ministro não tenha especificado se a exigência se referia aos três reféns do último acordo ou aos nove ainda vivos da primeira fase, uma fonte do governo israelense, que pediu anonimato, esclareceu à imprensa local que a exigência inclui todos os nove reféns sobreviventes da primeira fase do cessar-fogo.
Em preparação para uma possível retomada dos conflitos, Netanyahu informou que já ordenou a mobilização de tropas. "Diante do anúncio do Hamas de violar o acordo e não libertar nossos reféns, ordenei que as forças armadas se reunissem dentro e ao redor da Faixa de Gaza. Essa operação está em andamento e será concluída em breve." O Exército israelense confirmou em comunicado a mobilização de tropas adicionais e reservistas na fronteira sul próxima a Gaza, "em preparação para diversos cenários".
A postura de Israel alinha-se com recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na segunda-feira ameaçou "desencadear o inferno" em Gaza caso os reféns não fossem libertados até sábado. "Se não devolverem todos os reféns até sábado, ao meio-dia, um tempo apropriado, eu diria para cancelarmos tudo. Tudo estará permitido e deixaremos que se desate o inferno", afirmou Trump no Salão Oval.
Por sua vez, o Hamas justificou o atraso no sexto acordo de troca de reféns alegando violações por parte de Israel, incluindo o atraso no retorno dos deslocados ao norte de Gaza, a continuidade de ataques que resultaram em mortes de palestinos e o descumprimento de acordos humanitários. Segundo o grupo, Israel permitiu a entrada de apenas 10% das 200 mil tendas previstas, sem incluir moradias pré-fabricadas ou maquinário para remoção de escombros.
Netanyahu afirmou que seu governo "aplaude" a posição de Trump e sua "visão revolucionária para o futuro de Gaza" – uma referência que, segundo fontes, estaria relacionada a propostas de esvaziamento da Faixa de Gaza, medida que especialistas alertam poder configurar crime de guerra segundo o Direito Internacional.