O gabinete de segurança israelense aprovou nesta sexta-feira (17) o acordo de trégua com o Hamas que prevê a troca de reféns por prisioneiros palestinos na Faixa de Gaza. A decisão, anunciada pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ainda necessita da aprovação final do governo israelense, que se reunirá ainda hoje.
A aprovação preliminar ocorre após um momento de tensão, quando Israel acusou o Hamas na quinta-feira (16) de descumprir partes do acordo em busca de concessões de última hora. O grupo palestino, por meio do dirigente Sami Abu Zuhri, rejeitou as acusações, classificando-as como infundadas.
O acordo, mediado pelo Catar e Estados Unidos, está estruturado em três fases. A primeira, com duração de seis semanas, prevê a libertação de 33 reféns em Gaza em troca de mil prisioneiros palestinos detidos em Israel. As famílias dos reféns já foram informadas e estão se preparando para recebê-los, sendo que mulheres e crianças serão libertadas primeiro. Nesta fase, também está prevista a retirada das tropas israelenses das áreas densamente povoadas do enclave.
A segunda fase, ainda em negociação, contempla a libertação dos reféns restantes, incluindo homens e soldados, além da retirada completa das tropas israelenses do território palestino. A terceira e última etapa focará na reconstrução de Gaza e na recuperação dos corpos dos reféns mortos.
Questões políticas delicadas, como o futuro administrativo de Gaza, permanecem em aberto. Netanyahu rejeita a participação tanto do Hamas quanto da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na administração do território. Por outro lado, o primeiro-ministro palestino Mohammed Mustafa defende a pressão internacional para a criação do Estado Palestino.
Enquanto o acordo aguarda aprovação final, os ataques israelenses continuam em Gaza. Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde local registrou 88 mortes, elevando o total para 46.876 em mais de 15 meses de conflito. A ONU considera esses dados confiáveis e destaca que a maioria das vítimas são civis, incluindo mulheres e crianças.
O conflito atual teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em território israelense que resultou em 1.210 mortes, majoritariamente civis, e no sequestro de 251 pessoas. Destas, 94 ainda permanecem em Gaza, com 34 presumivelmente mortas, segundo o exército israelense. O Hamas alega que as mortes dos reféns foram causadas pelos próprios bombardeios israelenses no enclave.
A ONU caracteriza a destruição em Gaza como "sem precedentes na história recente", enquanto as forças israelenses mantêm suas operações militares, tendo relatado ataques a "50 alvos" nas últimas 24 horas.