Após 235 dias de paralisação, os médicos peritos do Ministério da Previdência Social decidiram encerrar a greve nesta sexta-feira (11). Com isso, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou que os atendimentos serão normalizados a partir da próxima segunda-feira (14).
Com a assinatura do acordo, a categoria se comprometeu a repor os dias não trabalhados, e o ministério restituirá os salários que haviam sido descontados durante o movimento. Esta foi considerada a maior greve da história da carreira, envolvendo aproximadamente 300 profissionais, o que representa cerca de 10% do total de médicos peritos, que estavam sem trabalhar desde agosto do ano passado.
Em comunicado oficial, a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) reconheceu que os ganhos obtidos ficaram abaixo das expectativas iniciais, mas destacou que o acordo abre caminho para avanços futuros. A entidade também comemorou a reversão de possíveis riscos disciplinares aos profissionais que aderiram ao movimento e a garantia de devolução dos valores descontados dos salários.
"Por certo, o pacto firmado não corresponde à expectativa das partes envolvidas, mas garante a estabilização do conflito classista e a segurança dos peritos médicos federais, especialmente mediante a exclusão dos riscos funcionais e disciplinares. Apesar de não constituir aquilo que a categoria almejava, a saber, a manutenção das cláusulas do Termo de Acordo nº 01/2022, o novo pacto sinaliza a consolidação de novas conquistas", afirmou a ANMP em nota.
O comunicado, no entanto, não detalhou quais foram os ganhos específicos conquistados pela categoria. A principal reivindicação dos grevistas era o cumprimento integral de um acordo firmado em 2022.
A greve enfrentou diversos reveses judiciais ao longo dos meses. Em janeiro, após recurso da ANMP, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve o corte de ponto dos médicos peritos grevistas. No mesmo mês, o INSS implementou o reagendamento automático das perícias não realizadas, direcionando os procedimentos para médicos que não aderiram à paralisação. Já em abril, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou à Procuradoria-Geral da República a investigação de possíveis abusos durante o movimento grevista.
Com a retomada das atividades, o INSS orientou que os segurados que precisam agendar atendimento podem utilizar o aplicativo Meu INSS ou ligar para o telefone 135, que funciona de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h.
Para casos de afastamento do trabalho por até 180 dias, o instituto recomenda a utilização do Atesmed, serviço online que permite realizar a perícia de forma documental, sem necessidade de comparecimento presencial. Já para o atendimento presencial, é necessário apresentar documento de identificação com foto, laudo médico contendo diagnóstico e tratamentos, exames e prescrições médicas.