O Tribunal do Júri de Sorriso condenou, nesta quinta-feira (7), Gilberto Rodrigues dos Anjos, 34 anos, a 225 anos de reclusão em regime fechado pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e feminicídio contra uma mãe e suas três filhas. As vítimas — Cleci Calvi Cardoso, 46; Miliane Calvi Cardoso, 19; Manuela Calvi Cardoso, 12; e Melissa Calvi Cardoso, 10 — foram brutalmente assassinadas na madrugada de 24 para 25 de novembro de 2023, em um caso que causou profunda comoção no município e em todo o estado.
A sentença foi proferida pelo juiz Rafael Deprá Panichella, da 1ª Vara Criminal de Sorriso, após cerca de dez horas de julgamento. O cumprimento da pena será imediato.
No caso de Cleci, o júri reconheceu feminicídio triplamente qualificado, com causa de aumento de pena, e estupro de vulnerável. Para Miliane, houve condenação por feminicídio triplamente qualificado com causa de aumento e estupro. Em relação a Manuela, o réu foi condenado por feminicídio quadruplicamente qualificado, com causa de aumento, e estupro de vulnerável. Já no caso de Melissa, foram reconhecidos feminicídio com cinco qualificadoras e causa de aumento de pena.
O julgamento contou com depoimentos de seis testemunhas, incluindo o pai e marido das vítimas, uma tia, o delegado responsável pelo caso e dois policiais. Gilberto optou por não prestar declarações e se ausentou da fase de arguições. A acusação, conduzida pelo promotor de Justiça Luis Fernando Rossi Pipino e pelo assistente Conrado Pavelski Neto, utilizou praticamente todo o tempo para expor aos jurados a dinâmica dos crimes e o perfil considerado “demoníaco” do réu. Já a defesa limitou-se a questionar se houve estupro ou vilipêndio de cadáver, tese rejeitada pelo Conselho de Sentença.
O juiz Panichella ressaltou que o caso exigiu medidas excepcionais para preservar a intimidade das vítimas, sem comprometer a transparência do julgamento. “Foi um plenário com publicidade restrita, mas que garantiu à população as informações necessárias para acompanhar e fiscalizar a atuação do Judiciário. Com certeza, demos uma resposta à sociedade”, declarou.
O pai e viúvo, Regivaldo Cardoso, afirmou estar satisfeito com o resultado. “Todos os jurados foram unânimes. O juiz foi certeiro. Ele vai cumprir os 40 anos que a lei permite e nunca mais vai sair. Não traz minhas meninas de volta, não diminui a dor, mas a justiça foi feita”, disse.
Para o promotor Rossi Pipino, este foi o caso mais chocante de sua carreira. “Em 16 anos no Tribunal do Júri, nunca me deparei com tamanha maldade, no estado mais puro e brutal. É o episódio mais assombroso da nossa cidade, do nosso estado e, acredito, do país”, afirmou. Ele destacou ainda a celeridade do processo: “O réu foi julgado em menos de dois anos, com todos os trâmites legais respeitados. A justiça dos homens foi feita, e esperamos que ele cumpra integralmente o máximo permitido pela lei: 40 anos”.