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163 Trabalhadores chineses são resgatados em condições análogas à escravidão em obra da BYD na Bahia

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163 Trabalhadores chineses são resgatados em condições análogas à escravidão em obra da BYD na Bahia
Imagem: GEFM

O Ministério do Trabalho e Emprego, em conjunto com outros órgãos federais, resgatou 163 trabalhadores que viviam em condições análogas à escravidão em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA). Segundo o comunicado divulgado nesta segunda-feira (23), os trabalhadores prestavam serviços para a Jinjiang Group, empresa terceirizada pela Build Your Dreams (BYD). A operação, realizada em 9 de dezembro, contou com a participação do Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.

 

Durante a fiscalização, os auditores encontraram condições extremamente degradantes nos alojamentos. Os trabalhadores dormiam em camas sem colchões adequados, não possuíam armários e mantinham seus pertences pessoais misturados com alimentos. A situação dos banheiros era especialmente crítica, com casos de um único sanitário para 31 pessoas, sem separação por sexo e com higiene precária. Essa situação obrigava os funcionários a acordarem às 4h da manhã para conseguirem se preparar para o trabalho.

 

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Foto: MTE

 

As condições de alimentação também eram precárias. Em um dos alojamentos, alimentos eram armazenados no chão, próximos a materiais de construção, e as refeições eram realizadas nas próprias camas ou em um refeitório improvisado que não comportava todos os trabalhadores. A água fornecida vinha diretamente da torneira, sem tratamento, e era transportada em garrafas para o local de trabalho.

 

Imagem da noticia MPT resgata 163 operários chineses em condições análogas à escravidão nas obras da BYD na Bahia

Foto: MPT

 

A investigação revelou ainda indícios de trabalho forçado. Os trabalhadores tinham 60% de seus salários retidos, recebendo apenas 40% em moeda chinesa, além de terem seus passaportes confiscados, o que impedia seu livre deslocamento. As jornadas de trabalho se estendiam por 10 horas diárias, com folgas irregulares, e os funcionários frequentemente descansavam sobre materiais de construção devido à falta de estrutura adequada.

 

As condições precárias resultaram em diversos acidentes de trabalho. Entre os casos relatados, um trabalhador sofreu um acidente ocular sem receber o devido atendimento médico, enquanto outro se acidentou devido à privação de sono causada pelas extensas jornadas de trabalho e condições degradantes.

 

Uma audiência está marcada para 26 de dezembro para verificar se o empregador está cumprindo as determinações da notificação e realizando os devidos pagamentos aos trabalhadores resgatados. Das cinco instalações inspecionadas, quatro apresentavam situações consideradas degradantes, resultando em embargos e interdições.


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