Escritor Luis Fernando Verissimo morre aos 88 anos

Em 1981, a primeira edição de O Analista de Bagé esgotou-se em apenas uma semana, consolidando-o no cenário literário. Versátil, também atuou como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista. Sua obra é marcada pelo humor afiado, crítica social e simplicidade na comunicação com o público.

Da redação ao saxofone

Em entrevistas, Verissimo costumava contar que começou “tarde” na literatura. Até os 30 anos, dizia não imaginar seguir carreira de escritor. A mudança veio quando ingressou na redação do jornal Zero Hora, na década de 1960.

Apesar da fama reservada, tinha humor característico. “Não é que eu fale pouco. Os outros é que falam muito”, costumava dizer.

Além das letras, cultivava paixão pela música, especialmente pelo saxofone. Em 2017, ao completar 80 anos, afirmou em entrevista que gostaria de ser lembrado não apenas pelos livros, mas também por um “blues de saxofone bem acabado”.

Legado

Sempre crítico, mas também irônico diante da vida, resumiu em uma de suas falas a visão que carregava:

“No fim, pensando bem, a vida é uma grande piada. Acontece tudo isso com a gente, e a gente morre... Que piada, né? Que piada de mau gosto. Mas acho que temos que encarar isso com uma certa resignação, uma certa bonomia.”

O Brasil se despede de um dos maiores cronistas contemporâneos, cuja obra permanece como referência de inteligência, leveza e humor na literatura nacional.