Em entrevista na manhã dessa quarta-feira (15), a promotora de Justiça Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza, da 15ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, disse que ainda não foi possível calcular todo o dano ambiental causado pelo pecuarista Claudecy Oliveira Lemes com o desmate químico de 81 mil hectares no Pantanal. Peterlini avaliou que este foi o maior dano ambiental que já viu em sua carreira.
“Eu, particularmente, nunca vi uma degradação ambiental... foi o maior dano ambiental que eu já atuei e eu acho que [é o maior] no estado de Mato Grosso, a gente teve quase 100 mil hectares degradados no Pantanal, que é uma área de importância internacional”, disse a promotora ao programa Tribuna, da Rádio Vila Real FM (98.3).
A representante do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) pontuou que, apesar de solto, Claudecy não está mais atuando em suas propriedades rurais, que em decorrência das ações judiciais uma empresa foi nomeada como administradora judicial das áreas. Destacou também que as áreas estão indisponíveis para venda, assim como o gado que estava nelas.
As áreas continuam no nome do pecuarista, mas o objetivo do MP é que, no final dos processos, seja declarada a perda de todas as propriedades, para a reparação dos danos ambientais, assim como que seja decretada a prisão.
“Então é um longo processo, mas nós vamos buscar a reparação integral, a retirada desse gado, a regeneração dessas áreas e pagamento de indenização por esses danos que são até agora incalculáveis, porque a gente não consegue nem calcular o quanto isso afetou o bioma”, afirmou.
A promotora também disse que o Estado de Mato Grosso tem feito grandes atuações na defesa do meio ambiente, mas que este tipo de desmatamento, de forma química, é mais difícil de ser identificado por satélite.
“Nós tivemos conhecimento desse desmate não por imagens de satélite, mas por denúncias que nos levaram a fazer vistorias in loco e perceber a dimensão desse dano, mas isso depois que ele já havia iniciado esse processo de um a dois anos, porque é um processo mais lento”, explicou.