A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou uma nova revisão para a safra de Mato Grosso, projetando uma colheita recorde de 100 milhões de toneladas de grãos em 2025. O estado, maior potência agrícola do Brasil, continua a expandir sua produção, com destaque para soja, milho e algodão — mesmo diante de adversidades climáticas e desafios logísticos.

Produção em alta, apesar do clima

A nova estimativa aponta para 45 milhões de toneladas de soja, sustentando Mato Grosso como o maior produtor do grão no país. O milho também surpreendeu, com previsão de 41 milhões de toneladas, impulsionado pela boa janela de plantio da segunda safra (safrinha). Já o algodão, cultura de alto valor agregado, deve atingir 2 milhões de toneladas de pluma, mantendo o estado na liderança nacional da fibra.

Apesar do crescimento, a safra não foi isenta de desafios. Períodos de seca em algumas regiões e excesso de chuvas em outras atrasaram parte do plantio e da colheita. Mesmo assim, o uso de tecnologias de ponta — como sementes mais resistentes, monitoramento climático e manejo avançado — ajudou os produtores a minimizar as perdas.

Impacto econômico e geração de empregos

O recorde de produção traz impactos expressivos para a economia local e nacional. Mato Grosso deve movimentar mais de R$ 200 bilhões com a safra, gerando milhares de empregos diretos e indiretos no campo, no transporte e na agroindústria.

Além disso, o agronegócio mato-grossense continua a ser fundamental para a balança comercial brasileira. Soja e milho lideram as exportações para mercados como China, União Europeia e países do Oriente Médio, ajudando a manter o superávit do setor.

"O crescimento da safra não reflete apenas o aumento da área plantada, mas também o investimento contínuo em tecnologia e gestão eficiente. Mato Grosso tem mostrado que é possível produzir mais e melhor, mesmo em condições climáticas adversas", explica João Carlos Souza, analista da Conab.

O gargalo logístico: escoar a produção é o novo desafio

Com a safra batendo recordes, a preocupação dos produtores agora se volta para o escoamento da produção. As principais rotas logísticas de Mato Grosso — como a BR-163 e a ferrovia que liga Rondonópolis ao Porto de Santos — já operam perto do limite.

Filas de caminhões, aumento dos custos de frete e demora na exportação são problemas recorrentes em momentos de safra cheia. Para Mariana Oliveira, produtora de soja em Sorriso (MT), o medo é que os grãos fiquem parados nos armazéns:

"A produção foi boa, mas de nada adianta se a gente não conseguir escoar. O preço do frete já subiu e, se os portos travarem, podemos perder muito dinheiro esperando o embarque."

O governo estadual e federal têm discutido soluções, incluindo investimentos em ferrovias, duplicação de rodovias e hidrovias pelo Rio Tapajós. No entanto, a expansão da infraestrutura ainda caminha lentamente frente ao crescimento acelerado da produção.