Os preços da soja no mercado internacional estão em queda desde 2024, com projeções indicando que os valores no primeiro trimestre de 2025 devem ser inferiores ao mesmo período do ano anterior. O principal fator por trás dessa tendência é a expectativa de uma safra recorde nos principais países produtores.
Diferentemente de 2023, quando as colheitas no Brasil e na Argentina decepcionaram, as condições climáticas atuais favorecem produções sem precedentes. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil deve alcançar 169 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento em relação às 153 milhões do ciclo anterior. A Argentina também apresenta uma melhora, com uma estimativa de 52 milhões de toneladas, em comparação às 48,21 milhões na safra passada.
Além disso, os Estados Unidos reportaram um bom desempenho em suas lavouras, contribuindo para uma oferta global robusta. Como resultado, as cotações da soja têm se mantido abaixo de US$ 10 o bushel na Bolsa de Chicago, enquanto no início de 2024 os contratos futuros giravam em torno de US$ 12 o bushel.
A demanda global pode ser um fator decisivo para os preços. Espera-se um aumento de cerca de 5% na demanda em 2024/25, o dobro da média histórica para o período. No entanto, caso essa projeção não se concretize, os estoques podem aumentar ainda mais, pressionando os valores de mercado.
Especialistas apontam o mês de maio, quando os Estados Unidos iniciam o plantio da nova safra, como um momento crucial. Se os preços permanecerem abaixo de US$ 10,20 o bushel, os produtores americanos poderão optar por reduzir a área plantada com soja, substituindo-a por milho, o que poderia levar a um aumento nos preços da oleaginosa na segunda metade do ano.
Preocupados com a queda nos preços, os agricultores sul-americanos têm acelerado a comercialização da safra 2024/25. Até o início de janeiro, 35% do volume esperado já havia sido negociado, um avanço significativo em relação aos 20% registrados no mesmo período do ano passado. Essa antecipação visa evitar uma pressão maior de vendas durante a colheita, especialmente devido às limitações de armazenagem de grãos no Brasil.
“O produtor está apreensivo com a possibilidade de uma supersafra, que poderia manter os preços baixos por até três meses após a colheita”, afirma um analista do setor. Os preços nos portos brasileiros, ao final de dezembro, variavam entre R$ 130 e R$ 137 por saca, dependendo do contrato e da data de entrega.
Apesar de o mercado ter iniciado 2025 com leves altas nos contratos futuros na Bolsa de Chicago, o cenário geral ainda busca um equilíbrio entre os derivados da soja. Enquanto o farelo apresentou valorização, o óleo de soja registrou uma ligeira queda.
Relatórios de consultorias indicam que as condições climáticas favoráveis em algumas áreas da América do Sul sustentam boas projeções para a safra, mesmo com ajustes pontuais em regiões que ainda necessitam de chuvas. O acompanhamento das condições climáticas e do ritmo de comercialização será fundamental para determinar o comportamento do mercado de soja nos próximos meses.