O mais recente levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que Mato Grosso inicia a safra 2025/26 com um cenário mais ajustado para soja e milho. As projeções foram mantidas para ambas as culturas, mas ainda refletem queda em relação ao último ciclo, num contexto em que o desempenho das lavouras continua condicionado ao regime de chuvas nas próximas semanas.
No caso da soja, a produção segue estimada em 47,18 milhões de toneladas, volume 7,29% inferior ao registrado na safra anterior. A área plantada permanece estável em 13,01 milhões de hectares, e a retração está diretamente relacionada à queda esperada na produtividade, calculada em 60,45 sacas por hectare.
Apesar do recuo, novembro trouxe sinais mais positivos ao campo, com o retorno das chuvas em boa parte do Estado, aliviando o estresse hídrico observado no início do plantio. Técnicos do Imea ponderam, contudo, que a distribuição ainda é irregular e que o veranico da primeira quinzena atingiu áreas em fases sensíveis de formação de vagens.
Para dezembro, os modelos meteorológicos indicam precipitações próximas à média histórica, o que poderia garantir maior estabilidade ao potencial produtivo das áreas semeadas mais precocemente.
Na safra atual (2024/25), o Imea registrou aceleração no ritmo de exportações e revisou para cima o volume embarcado, que chegou a 31,40 milhões de toneladas. O movimento compensou a queda no envio interestadual, menos competitivo diante dos preços do mercado interno e externo.
O desequilíbrio entre esses dois fluxos reduziu significativamente os estoques finais, agora projetados em 450 mil toneladas.
Para 2025/26, as exportações devem alcançar 29,33 milhões de toneladas, com menor circulação de grãos para outros Estados. O consumo interno permanece estável, alinhado à capacidade instalada da indústria local.
No milho, o Imea manteve as estimativas anteriores e projeta produção de 51,72 milhões de toneladas, retração de 6,70% frente à safra passada. A queda é reflexo da produtividade — calculada pela média dos últimos três anos — e não de área, que deve crescer 1,83%, puxada principalmente pelo Nordeste do Estado.
O número representa um retorno a um patamar mais próximo do histórico após o resultado excepcional obtido no ciclo anterior.
Para a safra 2024/25, a demanda total foi revisada para 53,72 milhões de toneladas, em ajuste negativo motivado pela redução das exportações. O aumento da oferta global tem pressionado os preços externos e retirado competitividade do milho mato-grossense.
Por outro lado, o consumo industrial dentro do Estado, sobretudo para etanol, continua em trajetória de expansão e deve atingir quase 18 milhões de toneladas, elevando os estoques finais para 2,23 milhões de toneladas.
No ciclo 2025/26, com novas usinas em operação, o Imea estima consumo interno de 19,33 milhões de toneladas. A manutenção dos níveis de exportação e do fluxo interestadual, somada ao maior uso interno, deve reduzir os estoques finais para pouco mais de 520 mil toneladas.
Safra depende de clima favorável para consolidar potencial
Com lavouras ainda em processo de recuperação após períodos de irregularidade climática e um mercado interno aquecido pela demanda industrial, Mato Grosso encerra o ano com projeções ajustadas, mas sustentadas por fundamentos positivos.
O desempenho da safra 2025/26, no entanto, dependerá da regularidade das chuvas em dezembro e janeiro, período decisivo tanto para firmar o potencial produtivo da soja quanto para definir o calendário da segunda safra de milho.